17/05/17

De volta a S. Tomé 1: a viagem de ida (2.ª parte)

A vasta cidade de Acra (Gana).

Há anos que não viajava na TAP. E até ao momento, o reencontro não tem corrido bem…
A coisa nem começou mal, pois o bilhete, reservado online, há sete meses, teve 40% de desconto.
Há uma semana, fiz a marcação do transfert por e-mail com uma empresa santomense. No dia seguinte, fui contactado por uma funcionária, alertando-me para o facto de a TAP não voar para São Tomé à 4.ª feira. Consultei o documento emitido no ato da compra e lá estava bem claro: ida a 17/5 (4.ª) e regresso a 24/5 (4.ª).
Telefonei para a TAP e fiquei fulminado. A reserva estava em ordem, mas, em dezembro, tinha sido antecipada um dia (16/5 e 23/5). Uma consulta de todos os e-mails de dezembro, incluindo o spam, mostra que não fui avisado da alteração. Ou seja, a TAP aceitou e cobrou uma viagem para datas em que não tem voos para São Tomé, corrigiu as datas e não avisou o cliente! E foi por muito pouco que não comparecemos no aeroporto no dia 17 para um voo que afinal era no dia 16.
Quanto ao voo de hoje, mais uma vez, o T de TAP foi sinónimo de trapalhadas. Exagero? Conto já tudo a seguir…
De início tudo correu bem no embarque e parecia que o A do acrónimo da “nossa” companhia não ia ser de atraso. Chegou a hora da partida (9h45) e nada.
Passados 20 minutos, quando já todos os passageiros diziam “A TAP é sempre a mesma coisa” e partilhavam histórias de atrasos e avarias, as assistentes de bordo iniciaram uma azáfama a contar e a recontar os passageiros. Contei 9 passagens das contadoras com ar alucinado.
Passados mais uns 15 minutos, ouviu-se na instalação sonora: “Segunda contagem” (objetivamente, era a décima…). Nova lufa-lufa num corre-corre que só visto.
Depois, veio a “explicação”: o atraso devia-se ao facto de haver discrepância entre o número de passageiros e os documentos que a tripulação tinha. Ou seja, havia passageiros a mais. Até arrebitei as orelhas a imaginar que íamos ter uma cena à americana a arrastar alguém para fora do avião. A Cecília e eu olhámos um para o outro e comentámos que dali ninguém nos tirava nem que tivéssemos de ferrar os dentes no banco da frente e não abrir mais a boca como faz a minha cadela Lola quando apanha algum pássaro na horta.
Por fim, lá nos fizemos à pista com uma hora de atraso. O piloto balbuciou (literalmente!) umas desculpas em inglês, dizendo em português que lamentava a situação.
Iam vários lugares vazios, mas, com uma paragem em Acra, pensámos que a hipótese de haver alguém para a ser atirado borda fora ainda estava de pé.
Chegados a Acra, o piloto informou que a paragem iria ser de apenas 30 minutos (foram 55!). Acrescentou que o avião ia ser reabastecido de combustível e que, durante o reabastecimento, teríamos de permanecer sentados e com o cinto aberto. Tem lógica, pois havendo algum problema, seria mais fácil fugir do avião…
 Com tanto calor e humidade, nada melhor que uma pequena pausa a três (depois, juntou-se ao grupo mais um adepto da sesta) nas obras no aeroporto de Acra.

Com o depósito reabastecido, nova “cena”: como havia dúvidas se não havia passageiros no avião que já deveriam ter saído (alguém mais distraído do que eu que não tivesse percebido que tinha chegado a Acra, única paragem), as assistentes resolveram a dúvida de forma metódica e eficaz: foram de lugar em lugar, perguntando a cada passageiro, alto e bom som, olhos nos olhos: “S. Tomé?, S. Tomé?, S.Tomé?...) Todos suspirámos de alívio quando o número de perguntas e de sins coincidiram. A primeira possibilidade de haver expulso do avião estava encerrada.
A seguir, mais uma prova de que a TAP não brinca em serviço. As assistentes, raladíssimas, não fosse alguém que tinha descido em Acra ter-se esquecido da bagagem, executaram com determinação mais uma interação com os passageiros, abrindo as bagageiras e perguntando a cada um quais eram as suas malas, maletas, sacos e saquetas.
O segundo momento de alguém se ver obrigado a ficar em terra, iniciou-se com o anúncio de que iriam embarcar os passageiros do percurso Acra-S. Tomé.
Ao contrário do que nos tinha sido dito em Lisboa, que não iríamos sair do avião durante a paragem, mas que teríamos de mudar de lugar (algo cuja lógica não entendi), os passageiros que iam entrando ocupavam os lugares livres.
Concluído o embarque, seguimos para S. Tomé. Como tinha acontecido na partida em Lisboa, havia bastantes lugares vazios. Afinal que história foi aquela de haver passageiros a mais e que manteve o avião em terra durante um hora?
E lá chegámos a S. Tomé já com a noite à espreita e os mosquitos prontos a entrarem em ação, felizes por os repelentes estarem na bagagem de porão.
Mais meia hora de seca no controlo de passaportes e outro tanto para recolher as bagagens.
A saída, um sorriso aberto e as mãos negras do Juliano a segurar um cartaz branco com o meu nome encheu-me a alma, relegando a TAP para o baú das memórias!
Depois de parar para comprar um cartão de telemóvel de S. Tomé (essencial para não levar um rombo nas finanças nas comunicações com Portugal), chegámos à Albergaria Rosa Porcelana. Uma agradável surpresa a 25€/noite de que vos falarei no final da aventura com fotos e tudo.
Amanhã, falarei do dia de hoje na capital.
Abraço

Mais duas notas sobre a TAP:
1. Quando o almoço foi servido, fiquei surpreendido ao ver facas e garfos de metal. Não é por acaso que esses objetos não são permitidos na bagagem de mão.
2. Está de parabéns o piloto pelas duas aterragens. Apesar da muita turbulência, devido ao céu carregado de nuvens, o avião tocou o solo sem saltos nem barulhos e deslizou suavemente pela pista. Um mestre! 

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