28/01/18

Arroz de grão-de-bico c/ cenoura ralada!


Além de ter vitaminas, fibras, cálcio e magnésio, o grão-de-bico é um dos alimentos vegetarianos mais ricos em proteína (16 g por 200 g). Logo, esta receita pode ser um acompanhamento (de peixe frito, de carne assada ou frita, ovos mexidos ou estrelados, carnes frias...), mas também pode ser servida como refeição única, com a vantagem de ser económica, rápida e saciante. A cenoura ralada, aliada aos cominhos, dá-lhe um sabor muito interessante.

INGREDIENTES
.1 chávena de arroz (cerca de 200 g)
.1 chávena de grão-de-bico em lata
.1 cenoura média ralada finamente
.1 cebola média picada
.3 dentes de alho esmagados em puré
.3 colheres de sopa azeite
.2 chávenas de água
.1 chávena do líquido da lata do grão
.coentros picados
.sal, cominhos e pimenta-preta moída no momento

PREPARAÇÃO
1. Num tacho antiaderente, em lume médio, deixe os alhos e a cebola apurarem no azeite durante 2 minutos, mexendo de vez em quando.
2. Junte a água, o líquido da lata do grão, a cenoura e deixe levantar fervura.
3. Acrescente o grão, o sal (pouco), os cominhos e a pimenta e o arroz.
4. Quando recomeçar a ferver, deixe ficar 10 minutos em lume baixo.
5. Retifique os temperos e assim que o arroz estiver macio (mais cerca de 5 minutos), junte os coentros, envolva bem e desligue o lume.
6. Tape o tacho, deixe repousar 3 a 4 minutos e sirva. Pode acompanhar com salada de alface e rúcula ou espinafres (ou grelos) salteados. Voilà!

Abraço e bom apetite!
ChefAntónio

18/01/18

Guiné-Bissau: crenças, superstições… e cabras!

De um prado qualquer para o tejadilho de uma candonga à distância de um par de estaladas...

Sendo a população predominantemente animista (55%, contra 40% de islâmicos e 5% de cristãos), não surpreende que o sobrenatural se assuma com uma verdadeira instituição na Guiné-Bissau, como acontece em relação às florestas (espaço sagrado para muitos). Ver a notícia transcrita no final do post.
Na Guiné, são utilizados como meios de transporte urbanos (em Bissau), os táxis (sempre partilhados) e os toca-toca (termo que o crioulo foi buscar ao toka-toka do Senegal), uma espécie de pequeno autocarro com dois bancos laterais corridos onde cabe sempre mais um.
Toca-toca no centro de Bissau.

Nos trajetos entre localidades, entram em ação as candongas (termo do quimbundo), transporte misto de pessoas e mercadorias e também de animais.
Contou-me um professor guineense que quando alguém se desloca com uma cabra, antes de iniciar a viagem dá um par de estaladas no focinho do animal, o que funcionaria como uma espécie de amuleto contra os maus espíritos…

Abraço.
ProfAP

Notícia do Correio da Manhã (14.02.16):

Diabos engarrafados e outros seres míticos em defesa das florestas da Guiné-Bissau

Um homem que um dia acampou numa floresta sagrada do Boé, leste da Guiné-Bissau, levou sem querer, fechado numa garrafa, um pequeno diabo de volta para casa, conta-se nas aldeias guineenses. Foram tantos os infortúnios que lhe aconteceram a ele e a quem o rodeava que todos tiveram que se mudar para outras terras, para bem longe daquela espécie de demónio. Superstições como esta ainda são contadas com frequência para preservar as florestas que a população classifica como sagradas, um saber ancestral que uma Organização não-governamental (ONF) holandesa quer preservar. Estas histórias estão em risco de desaparecer, alerta Annemarie Goedmakers, dirigente da Chimbo, que lhes pretende dar um novo fôlego.

16/01/18

De volta a Bissau 7 - Receita para a despedida!


Depois uma curta e intensa missão, o regresso a casa. Na despedida, tive oportunidade de provar uma sobremesa deliciosa: papaia com lima. Mais simples não há!
1. Descasca-se a papaia e tiram-se as sementes.
2. Corta-se a papaia em fatias com um dedo de espessura e rega-se com sumo de lima.
Da mistura do sabor intenso e perfumado da lima com a suavidade da papaia, resulta uma delícia de comer e chorar por mais.
Quanto à missão (formação de formadores de língua portuguesa), cumpriram-se os objetivos traçados com o empenho e a boa disposição que caracterizam os professores guineenses, apesar das condições muito difíceis em que trabalham. Revi pessoas que conheci nas deslocações anteriores e contactei outras que me marcaram, como o escritor Miguel Gullander (de que falei num post anterior) e o jovem e supermotivado diretor da Aldeia SOS de Bissau, Dautarin Costa. 
Como não há bela sem senão, fui surpreendido por uma reação alérgica forte às picadas dos mosquitos que está a ser desconfortável. 
Um abraço para todos, especialmente para os amigos da Guiné-Bissau.
ProfAP

14/01/18

De volta a Bissau 6 – um sábado especial!



Correspondendo a um convite do Fábio (diretor do Centro Cultural Português, em Bissau, que conheci na primeira missão na Guiné-Bissau, em 2016), após a sessão de trabalho na formação de professores, fui almoçar a um hotel situado no caminho entre a cidade e o aeroporto. Uma experiência única como veremos adiante.

Depois de um banhinho na piscina do hotel, os meus pés, felizes, a regalarem-se com o sol morno do final da tarde...

Ao almoço, foi-me apresentado o leitor de Português do Instituto Camões de Bissau, Miguel Gullander, também escritor. A conversa que tivemos foi desconcertante, surpreendente, diferente. Com uma história de vida pouco convencional e vários parafusos a menos (o que o torna mais interessante), este luso-sueco, que quase morreu num acidente de viação aos vinte anos, é um furacão intelectual multifacetado. Trocámos impressões sobre estratégias de leitura e de escrita e fiquei com o livro (tem três títulos publicados) "Através da chuva", cujas receitas se destinam a uma ONGD. Como o livro é uma "autoprenda" a partilhar com a minha mulher, tive direito a uma dedicatória personalizada que irei guardar zelosamente. 
No fim deste encontro que um feliz encadeamento de circunstâncias me proporcionou, trocámos contactos e despedimo-nos com um abraço. A chave de ouro para um sábado africano.
A dedicatória.

Da esquerda para a direita: Fábio, Cristina (mulher do Fábio) e Miguel Gullander, com uma inscrição em sânscrito abaixo do joelho esquerdo.

Quando concluir a leitura da obra, sem contar a história, direi o que achei.
Abraço.
ProfAP

12/01/18

De volta a Bissau 5 - Acontecimento do dia!


Ontem, a caminho do jantar, cruzei-me com a caravana do "Sahara Desert Challenge". Grande festa na Praça do Império, situada no coração de Bissau.


Sahara Desert Challenge
A organização planeou um traçado de dificuldade baixa/média, composto por alguns troços mais exigentes, de piso muito variado, que apresentam no entanto condições para serem transpostos sem dificuldades significativas. Tratando-se de uma expedição de longa distância (aproximadamente 6.000 quilómetros) prevê-se 55% de asfalto e 45% fora de estrada. Todo o percurso será percorrido em reconhecimento poucas semanas antes do início da expedição.
Stage 01 - 27/12/2017: CORUCHE (Portugal)
Stage 02 - 28/12/2017: Coruche / Tarifa / Genoa »» Asilah (Marocco)
Stage 03 - 29/12/2017: Asilah »» Agadir
Stage 04 - 30/12/2017: Agadir »» Tan Tan
Stage 05 - 31/12/2017: Tan Tan»» Smara
Stage 06 - 01/01/2018: Smara»» Boujdour
Stage 07 - 02/01/2018: Boujdour »» DAKHLA (end of Morocco Adventure)
Stage 08 - 03/01/2018: Dakhla »» PK55 (Mauritania)
Stage 09 - 04/01/2018: PK55 »» Mhaïjrat
Stage 10 - 05/01/2018: Mhaïjrat »» Nouakchott
Stage 11 - 06/01/2018: Nouakchott »» Saint Louis (Senegal)
Stage 12 - 07/01/2018: Saint-Louis »» Lac Rose / Dakar
Stage 13 - 08/01/2018: Lac Rose / Dakar »» Tambacounda
Stage 14 - 09/01/2018: Tambacounda »» Bafatá (Guinea-Bissau)
Stage 15 - 10/01/2018: Bafatá »» BISSAU (end of Sahara Desert Challenge)

11/01/18

De volta a Bissau 4 - Imagem do dia


Num dos muitos esgotos que correm livremente pela cidade, uma galinha, com a sua ninhada, alimenta-se. A prova viva de que na natureza nada se perde...
A rotina do dia a dia mantém-se: no frio da manhã, pequeno-almoço, 5 horas de trabalho intenso, almoço quase a meio da tarde, procurando menus acessíveis (por aqui, os preços nos restaurantes são à europeia), curta sesta na tarde muito quente, trabalho para preparar a sessão do dia seguinte e saída para jantar com lanterna em punho, que há ruas sem luz e os buracos são mais que muitos. As noites são sempre entre o quente e o morno. Como acompanhamento noturno, miríades de mosquitos a deixarem-me os tornozelos e os peitos dos pés numa lástima. Com a agravante de as pomadas não fazerem efeito no alívio da comichão...

Abraço.
ProfAP

08/01/18

De volta a Bissau 3: a estação seca


Em plena estação
seca, a cidade mudou.
Menos humidade e, apesar do calor  da tarde, um frio efetivo pontua as manhãs.
O verde da erva e das pequenas hortas deu lugar ao pardo-escuro de plantas secas ou ao negro de uma ou outra queimada. Da água da chuva abundante que escorria em todas as direções, restam apenas os esgotos a céu aberto. 

O pó avermelhado da terra barrenta instalou-se nas folhas das árvores e lá ficará pacientemente à espera das chuvas que hão de restituí-lo à terra-mãe daqui a uns meses...
Nas bancas e panos dos vendedores de rua, são escassos os frutos: papaias, bananas, laranjas (sempre de casca verde e menos doces do que as europeias) e pouco mais.

Até a sede do Benfica se apresenta mais degradada e sem chama... Sinal premonitório da época desgraçada com que o clube do meu coração me anda esfrangalhar os nervos?

Inalterada, apenas a azáfama dos táxis (aqui, transporte coletivo) que, como uma onda azul, vão e vêm num movimento contínuo...
E já me esquecia: o azul do céu, em tons mais claros, continua magnífico!

Abraço.
ProfAP

Regresso a Bissau 2: odisseia de um livro!


Acontecem-me coisas incríveis. A que passo a relatar começou a esboçar-se no dia em que, como acontece com inúmeras pessoas, decidi oferecer um livro…
Depois da primeira missão na Guiné, em 2016, fui contactado no Facebook por um jovem guineense (o AC) a manifestar interesse em participar na formação seguinte, em 2017, o que veio a acontecer, tendo sido o melhor aluno da turma. Em setembro, levava na bagagem de mão um livro para lhe oferecer. Adormeci no avião (o que raramente me acontece) e o livro extraviou-se. No dia seguinte, pedi à minha mulher para procurar outro livro e mo enviar para Bissau, o que foi feito com um seguro (sugestão do funcionário dos correios).
Passado o mês de permanência em Bissau, do livro enviado, nem sinal.
Regressei a Lisboa, reclamei nos correios, mas, para ser ressarcido pelo extravio, teria de provar que o livro não tinha chegado ao destinatário. Isto de provar a ausência tem que se lhe diga!
Já tinha dado o assunto como encerrado, quando, há cerca de uma semana, o carteiro me bateu à porta. Entregou-me o livro, devolvido por o destinatário (eu!) estar ausente da morada. No hotel, tinha deixado um pedido escrito para aceitarem o livro e o contacto do meu ex-aluno para o informarem da chegada da encomenda. Que o senhor professor ficasse descansado, que iria tudo ser feito como pedia! Parece que quando o livro finalmente ao destino, já se tinham esquecido do senhor professor… 
Para adensar o clima de mistério à volta das personagens da história, o carteiro de Bissau escreveu no envelope a menção “O remetente (sic!) já não está cá.” 
Diz-se que um livro é uma janela para o mundo, pois este deve ter muito para contar depois de ter andado três meses na vadiagem entre Azeitão e Bissau. Ontem, veio comigo (na bagagem de porão) e está pronto para ser finalmente entregue ao AC!


Abraço e boas leituras.
ProfAP

07/01/18

Regresso a Bissau 1: domingo na cidade


Já refeito da viagem, deambulei pela cidade amornada por 29º suportáveis em plena estação seca (as deslocações anteriores foram sempre na época das chuvas), depois de um início de manhã com uma brisa fresca, a fazer lembrar uma primavera europeia (para os guineenses uma manhã fria).
Aqui, domingo ainda é domingo: ruas mais vazias, menos vendedores nas ruas, rostos mais descontraídos.
 Na tranquilidade das ruas e avenidas, ladeadas de mangueiras floridas, os lagartos, afoitos, ocupam os passeios e os troncos das árvores, expondo-se ao sol. Ao menor sinal de aproximação, saem disparados em direção à copa das árvores.


Aqui e ali, as cabaceiras exibem, orgulhosas, os seus espantosos frutos, com o tamanho de melancias.
As cabaças são pesadíssimas, pelo que não surpreende que, em vez de crescerem nos ramos, nasçam nos troncos. Cortadas ao meio, esvaziadas da polpa e secas, fazem lindas peças cor de palha do artesanato local. Muito leves, impermeáveis e resistentes, são usadas tradicionalmente como tigelas.
Abraço e um bom final de domingo para todos.

ProfAP

01/01/18

Que feliz que eu estou!


Saudemos o novo ano com um haiku de Bashô, que se pelava por uma boa festa!


pediram-me para fazer
uma festa de fim de ano --
que feliz que eu estou!

Poema haiku de Matsuo Bashô (1644-1694)
In Matsuo Bashô - O eremita viajante (Assírio & Alvim)

Abraço.
ProfAP, organizador de festas de fim de ano... cá em casa!